O fim do tempinho livre

fevereiro 7, 2017
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O fim do tempinho livre ANN ARBOR—Quando está na fila para um evento, para comprar um café com leite ou à espera de um ônibus, a maioria das pessoas se agarra em seus telefones para passar o tempo – na maioria das vezes depois de apenas alguns segundos “de espera”.

Daniel Kruger, pesquisador do Instituto de Pesquisa Social (ISR) da Universidade de Michigan, estava curioso sobre a rapidez com que as pessoas começavam a usar seus telefones enquanto passavam um tempo esperando. Então ele resolveu desvendar esse período com um estudo observacional.

Kruger descobriu que 62% das pessoas que estão à espera usavam seus telefones celulares para passar o tempo. Metade dessas pessoas observadas já começaram a usar seus celulares assim que chegavam a uma fila. E 55% delas iniciaram o uso dentro de 10 segundos.

“Algumas das nossas perguntas foram: ‘Como o uso de telefones celulares está relacionado com as interações das pessoas no espaço social da vida real?'”, disse Kruger, professor do Centro de Estudos Populacionais do ISR. “A melhor maneira de responder a certos tipos de perguntas pode ser através de métodos de observação.”

De acordo com Kruger, os dados das empresas de telefonia celular só contam um lado da história: que as pessoas usam seus telefones por um determinado período de tempo todos os dias. Para as pessoas com idade universitária, o uso pode ser de até cinco horas diárias. Mas as estatísticas que recebemos do próprio telefone ou do provedor de serviços não fornecem informações sobre o contexto social do uso do telefone celular, Kruger disse.

Além disso, depender das pessoas para se lembrarem o quanto e por que elas usam seus telefones pode não produzir resultados precisos. Relatórios pessoais do quanto cada uma usa seu telefone não coincidem exatamente com os registros de dados ou minutos usados ​​fornecidos por empresas de telefonia celular.

Kruger e sua equipe de observadores, envolvidos no Programa de Oportunidades de Pesquisa de Graduação da UM, conduziram 55 sessões em 18 locais em Ann Arbor, observando discretamente pessoas que estavam à espera por diferentes razões: para comprar comida ou bebida, em um ponto de ônibus ou em um lobby aguardando uma classe ou evento. Os observadores usaram um relógio digital para marcar a hora de chegada da pessoa e para documentar quando essa pessoa começou a usar seu telefone celular. Os observadores também observaram o sexo da pessoa e se estavam envolvidos em conversas.

Os pesquisadores observaram que as mulheres eram mais propensas a se envolver com seus telefones do que os homens, e que 43 por cento das pessoas que já estavam conversando frente a frente com alguém usavam seus telefones enquanto esperavam na fila.

Kruger acredita que este é o primeiro estudo observacional a examinar como as pessoas usam seus telefones nesses tipos de situações e que os estudos observacionais contribuem para uma imagem mais completa de como o uso do celular está afetando a interação social, complementando dados de pesquisas sobre hábitos telefônicos.

“Se todos estão presos às telas dos telefones, não vão interagir com outras pessoas ao seu redor. As pessoas vão perder suas habilidades sociais porque simplesmente não interagem uns com os outros, especialmente com estranhos, não é?” Kruger disse. “Esses resultados têm implicações reais para a coesão social e as interações da comunidade em um nível mais amplo, caso as pessoas simplesmente não falem mais umas com as outras”.

As descobertas de Kruger são publicadas online no Journal of Technology in Behavioral Science.