Jovens talentos preferem as startups

dezembro 20, 2016
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 Gustavo Martucci trabalha período integral na startup Career Now, empresa digital de capacitação de educadores, fundada por também ex-alunos de Ross e baseada em Michigan.  Arquivo pessoal. Gustavo Martucci trabalha período integral na startup Career Now, empresa digital de capacitação de educadores, fundada por também ex-alunos de Ross e baseada em Michigan. Arquivo pessoal.Ann Arbor—Apesar de intimidar alguns, a instabilidade, os riscos, a falta de estrutura e recursos de uma startup não assustam muitos profissionais da atual Geração Y. Ao contrário, isso não é um problema. Atraídos pela cultura organizacional mais flexível do que a das grandes companhias, a possibilidade de autonomia, de encarar diferentes ferramentas e propostas inovadoras, muitos jovens optam pelas startups.

Um estudo conduzido pela PayScale e Millennial Branding com mais de 500 mil americanos com idades entre 19 e 29 anos, concluiu que a maioria dos jovens talentos é atraída pelas pequenas empresas:

  • A maioria (47%) dos entrevistados trabalha para empresas com menos de 100 funcionários
  • 30% dos entrevistados trabalham para companhias de médio porte, que possuem entre 100 e 1,5 mil empregados
  • Apenas 23% dos entrevistados trabalham para grandes empresas, cujo número de colaboradores é superior a 1,5 mil.

O brasileiro Gustavo Martucci, recém formado pela Escola de Negócios Ross, engrossa esse time de talentos. Para ele, a maior vantagem em fazer parte de uma startup é a possibilidade de ver o resultado do trabalho diário clara e rapidamente. Desde o ano passado, ele trabalha período integral na Career Now, empresa digital de capacitação de educadores e baseada em Michigan.

Quando estava em busca de estágios durante seu MBA, Gustavo descobriu que a startup tinha interesse em entrar no mercado brasileiro, e não teve dúvida que a vaga seria sua. “Foi o fit ideal para mim, não só por ser brasileiro, mas também porque eu trabalhei antes com expansão internacional em um banco no Brasil e tinha bastante interesse em fazer isso para uma startup,” disse.

Entre outros projetos, Gustavo trabalha atualmente, no lançamento de um site, o careerschoolnow.org, uma nova ferramenta para as áreas de educação superior e carreiras do país.

“Todos os dias eu vou para o trabalho muito motivado para tocar meus projetos e acho que isso não tem preço,” disse. “Mas não acredito que as startups são para todo mundo. Alguns colegas meus ficariam malucos tendo que lidar com a falta de estrutura e de regalias de um ambiente de startup. Meu maior desafio é, na verdade, criar essa estrutura e processos organizacionais na empresa sem perder a agilidade e a inovação. E isso não é fácil.”

Voz ativa – Mauricio Steinbruch, estudante de MBA na Ross, decidiu fazer seu estágio durante o verão passado, em uma startup brasileira, localizada em Los Angeles, que estava iniciando seus planos de entrada nos Estados Unidos. Ele conta que por se tratar de uma startup em fase bem inicial, trabalhou diretamente com o CEO e pôde contribuir bastante e tomar decisões estratégicas que ajudariam a determinar o caminho da empresa.

“Vejo isso de forma muito positiva, pois a responsabilidade é grande, assim como a autonomia,” disse. “De forma geral, acho que a vivência em uma startup é muito válida para qualquer carreira. Acredito que com essa experiência, o profissional aprende a ‘fazer acontecer’ com pouquíssimos recursos, e isto é uma ferramenta que pode ser útil de inúmeras formas em outras startups ou em grandes corporações.”

Os desafios de uma startup também não intimidaram o ex-aluno de MBA da Ross, Luiz Sodré. Formado em Zootecnia e Economia Agrícola, ele sempre esteve envolvido com o agronegócio. Durante seus estudos em Ross, fundou o Food, Beverage, and Agribusiness Club (FBA club) e ficou ainda mais imerso na área.

Nasceu então a ideia de criar uma startup que pudesse auxiliar o produtor brasileiro a ter uma melhor gestão estratégica e financeira do seu negócio, com planejamento desde o plantio até a colheita, fluxo de caixa, centro de custos e treinamentos.

Do conceito à criação da pequena empresa, batizada como Perfarm, muito trabalho, estudo de mercado e pesquisa. Durante seu segundo ano em Ross, Luíz passou a participar do Zell Entrepreneurs Program e de competições como o Michigan Challenge Startup e o Dare to Dream. “Desde o início, todos acreditaram no potencial da startup,” disse. “Passei então a trabalhar com muitas pessoas que me auxiliaram a montar um plano de negócios, a ter uma melhor apresentação da minha ideia e a agregar novas propostas. Uma ajuda essencial.”

Para Daniela Vianello Sodré, sócia de Luíz na Perfarm, conviver neste ambiente de empreendedorismo fez toda a diferença na trajetória da startup. “Foram experiências e oportunidades fundamentais para o desenvolvimento da empresa, assim como para o nosso amadurecimento contínuo como empreendedores,” disse.

O apoio não parou por aí. Como resultado de três processos seletivos, eles receberam 12 mil dólares de programas de incentivo ao empreendedorismo do Instituto Zell – seu primeiro investimento internacional – e da Escola de Negócios Ross.

“As oportunidades dadas pela U-M, desde nos fornecer conhecimento, mentoring até recursos financeiros, nos permitiram catalisar a estruturação do nosso negócio, bem como chegar ao produto final que oferecemos,” disse.

Inaugurada em agosto, a empresa tem atualmente 5 funcionários e 4 mil clientes cadastrados, espalhados por todo o país. “Vamos agora fortalecer nossa marca e expandir nosso alcance. Queremos também oferecer serviços de gestão de pessoas, de estoque, de maquinário e rebanho. Esse é só o começo,” disse Luiz.