Universidade de Michigan adquire arquivo do cineasta John Sayles

outubro 9, 2013
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A coleção do cineasta independente se junta aos arquivos de Orson Welles e Robert Altman

ANN ARBOR—Talvez mais do que qualquer outro cineasta moderno, John Sayles personifica o individualismo americano. Desde sua estréia na direção de “O Regresso dos Secaucus Seven”, em 1979 até o lançamento de seu próximo filme “Go for Sisters,” em novembro de 2013, ele tem se prosperado fora dos domínios de Hollywood, usando seus filmes para explorar temas complexos, como raça, classe social e identidade de gênero. Sayles é um verdadeiro iconoclasta que ve o cinema como um meio para atingir um fim e não um fim nele mesmo.

Agora, graças a um presente para a Biblioteca da Universidade de Michigan, documentos, imagens e acessórios do vasto acervo do trabalho de Sayles será disponibilizado para pesquisadores no Arquivo John Sayles, na Biblioteca de Coleções Especiais.

O presente foi anunciado terça-feira no Café de Liderança Anual com a Presidente Mary Sue Coleman, onde ela destaca as conquistas da universidade e anuncia as principais iniciativas daqui para a frente.

“O Arquivo John Sayles é um tesouro acadêmico para estudantes, professores e qualquer pessoa interessada em explorar o funcionamento interno deste artista,” disse Coleman.

A aquisição de Sayles complementa as coleções da U-M, documentando as carreiras de cineastas americanos como Orson Welles e Robert Altman. Com a coleção de Sayles, a U-M é o principal destino para pesquisas sobre os cineastas americanos independentes.

“Estes são três artistas e pensadores independentes, cineastas não tradicionais, consistentemente apoiados pelos estúdios,” disse Philip Hallman, responsável pela Biblioteca de Estudos do Cinema da U-M. “Eles são todos americanos independentes com muito a nos ensinar, não só sobre o cinema, mas também sobre a nossa herança comum, nossa cultura e sociedade.”

A “Living Collection” de Sayles e de sua parceira de produção de longa data, Maggie Renzi, foram doadas ao arquivo de John Sayles para a U-M, em setembro de 2013. A coleção inclui cerca de 230 caixas de material de arquivo, incluindo toda a carreira de Sayles, até o material do filme que será lançado em breve “Go for Sisters.”

“O fato de que John Sayles é uma cineasta contemporâneo, que continua produzindo novos trabalhos enquanto estamos aqui conversando é significativo,” disse Hallman. “É o que chamamos de uma coleção “viva”, fornecendo aos pesquisadores oportunidades sem precedentes para descobertas e percepções.”

Os filmes de Sayles estão alojados no Arquivo de Filme e Televisão da UCLA. A coleção da U-M inclui scripts, documentos de produção, documentos legais, fotografias, storyboards e correspondências sobre filmes como “Matewan”, “Irmão de outro Planeta,” “O Segredo de Roan Inish” e outros. Existem anotações pessoais e notebooks, relatórios de negócios e acessórios. Também estão incluídos os manuscritos de alguns romances, contos e peças de teatro de Sayles. O arquivo ainda mostra seu trabalho não creditado como escritor em filmes como “Apollo 13.”

Estes itens estarão disponíveis para a comunidade universitária, como também para o público em geral. Talvez os estudantes do curso de Direção, turma de inverno de 2014, do Departamento de Artes e Cultura do Cinema serão os primeiros a usá-los. Os alunos vão pesquisar e desenvolver uma exposição sobre Sayles e seu trabalho para uma exposição na primavera de 2014. Um simpósio sobre Sayles em junho coincidirá com a Cinetopia, um festival anual de filmes realizado em Ann Arbor. Palestras e exibições complementarão a exposição e o simpósio conduzidos pelos estudantes.

“Os alunos desfrutam de uma experiência de aprendizagem muito mais profunda quando eles se envolvem na exploração real de um arquivo,” disse a arquivista da biblioteca da U-M Kathleen Dow. “A emoção da descoberta é um complemento maravilhoso para a introdução dos estudantes à pesquisa e ao pensamento crítico. Nós adquirimos material de arquivo, na esperança de que ele será usado exatamente dessa forma.”

Renzi aponta este tipo de atividade “mãos na massa” e a bolsa de estudos prática como as principais razões que ela e Sayles escolheram a U-M para abrigar o arquivo. A capacidade da U-M em integrar disciplinas acadêmicas através das faculdades e escolas espelham a amplitude artística e intelectual de Sayles. Seu arquivo oferece um ponto único de entrada a inumeráveis tópicos, desde a arte e negócios do processo criativo até os temas provocativos de agitação política, discriminação racial, guerra de classe e muito mais.

“Escolhemos a Universidade de Michigan sobre outros excelentes arquivos e bibliotecas, porque queríamos ver o trabalho do John estudado como parte do currículo em uma grande universidade,” disse Renzi.

Independentes na U-M

Como diretor, Sayles bate em sua própria experiência como ator, roteirista, dramaturgo e romancista. Ele recebeu aclamação da crítica quase unânime com sua estréia na direção, o auto-financiado estudo do personagem no “O Regresso dos Secaucus Seven,” que ele também escreveu. Seu filme “O Peixe do Amor”, de 1992 ganhou indicações ao Oscar de melhor roteiro original para Sayles e melhor atriz para Mary McDonnell.

Com o indicado ao Oscar “Lone Star – Um Corpo no Deserto,” situado em uma cidade fronteiriça do Texas, Sayles ganhou melhor roteiro em 1997 e estabeleceu firmemente o roteirista e diretor como uma voz da consciência social na América. Sayles já escreveu cerca de 100 roteiros ao longo de sua carreira, e o “Go for Sisters”, que será lançado em novembro de 2013 marca o 18˚ filme que ele escreveu e dirigiu.

Como americanos independentes, Sayles, Altman e Welles, cada um deles cultivou uma distinta visão artística. Em conjunto, o trabalho deles apresenta uma qualidade independente e muitas vezes desafiadora que está fora das convenções e sensibilidades conservadoras dos estúdios de cinema corporativos. O retrato deles da vida americana – a partir de ícones como “Cidadão Kane,” de Welles, e “Nashville,” de Altman, provocaram alguns dos momentos mais memoráveis da história do cinema. O filme de Sayles, de 1988, sobre baseball “Fora da Jogada,” sobre o escândalo no Black Sox em 1919, foi seu primeiro roteiro, e é tão relevante hoje como era em sua estreia há 25 anos.