Dormir melhor, aparência melhor? Nova pesquisa diz que sim

setembro 13, 2013
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Estudo da U-M em pacientes tratados por apnéia do sono é o primeiro olhar científico de como o tratamento afeta a aparência — estado de alerta, juventude e atratividade — e pode ajudar os pacientes a serem tratados em casa

Um paciente dorme.ANN ARBOR, Michigan — Receber tratamento para um problema comum do sono pode fazer mais do que simplesmente te ajudar a dormir melhor – pode também ajudá-lo a ter uma aparência melhor, a longo prazo, de acordo com um novo estudo do Sistema de Saúde da Universidade de Michigan e da Universidade Tecnológica de Michigan.

Os resultados não são apenas sobre a “aparência sonolenta” depois de uma noitada, ou de ter os olhos bem alertas após uma boa noite de descanso.

É a primeira vez que pesquisadores demonstraram melhoria específica na aparência facial após o tratamento em casa para a apnéia do sono, uma condição marcada pelo ronco e pelas interrupções na respiração. A apnéia do sono afeta milhões de adultos – a maioria sem diagnóstico – e os coloca em maior risco de problemas relacionados com o coração e acidentes durante o dia.

Usando uma técnica sensível de “mapeamento facial”, normalmente utilizada por cirurgiões, e um painel de avaliadores independentes da aparência, os pesquisadores detectaram alterações em 20 pacientes de apnéia de meia-idade, apenas dois meses depois que eles começaram a usar um sistema chamado CPAP – Continuous Positive Airway Pressure (Pressão Positiva Contínua nas Vias Aéreas) para ajudá-los a respirar melhor durante o sono e superar a sonolência crônica.

Enquanto a pesquisa ainda precisa ser confirmada por estudos mais amplos, as conclusões podem, eventualmente, dar aos pacientes de apnéia do sono mais razões para manter o tratamento CPAP – um desafio para alguns, porque eles devem usar uma máscara de respiração na cama. CPAP é conhecido para interromper o ronco, melhorar o estado de alerta diurno e reduzir a pressão arterial.

O neurologista do Sono e médico Ronald Chervin, Mestre em Ciências, e diretor do Centro de Distúrbios do Sono da U-M, liderou o estudo, que foi financiado pela Fundação Memorial Covault para Pesquisas das Doenças do Sono, e publicado no Journal of Clinical Sleep Medicine.

Colocando a anedota à prova

Antes de CPAP (esquerda) Após CPAP (à direita)Chervin diz que o estudo surgiu da evidência anedótica dos funcionários do Centro do Sono que frequentemente viam os pacientes de apnéia do sono, quando eles vinham para as visitas de acompanhamento após o uso do CPAP. A equipe, incluindo a gerente de programa da pesquisa e enfermeira registrada Deborah Ruzicka, Ph.D., procurava uma maneira mais científica para avaliar a aparência dos pacientes antes e depois do tratamento do sono.

“A sabedoria comum, das pessoas que estão com ‘olhar sonolento’ porque elas estão com sono, e de que elas têm olhos inchados com olheiras, leva as pessoas à gastarem incontáveis dólares em remédios caseiros,” observa Chervin, professor colegiado do Centro de Medicina do Sono Michael S. Aldrich e professor de Neurologia da Escola de Medicina da U-M. “Percebemos que nossos pacientes de CPAP, muitas vezes, apresentavam uma melhor aparência, ou relatavam que eles tinham recebido elogios de que estavam com uma aparência melhor depois do tratamento. Mas ninguém nunca realmente tinha estudado isso.”

Eles se associaram ao médico cirurgião plástico e reconstrutivo Steven Buchman da U-M, para usar um sistema de medição do rosto preciso, denominado fotogrametria, para ter uma matriz das imagens dos pacientes em condições idênticas, antes do CPAP e alguns meses depois. Capaz de medir pequenas diferenças no contorno facial, o sistema ajuda os cirurgiões a planejar operações e a avaliar o seu impacto.

A equipe de pesquisa também incluiu colaboradores de longa data do Instituto de Pesquisa Michigan Tech, liderados pelo engenheiro e Ph.D. Joseph W. Burns, que é especialista em análise de sinal e desenvolveu uma maneira de mapear precisamente as cores da pele facial dos pacientes antes e depois do tratamento CPAP.

Os pesquisadores também usaram um teste subjetivo de aparência: 22 avaliadores independentes foram convidados a olhar para as fotos, sem saber quais foram as fotos do “antes” e do “depois” de cada paciente. Os avaliadores foram solicitados a classificar a atratividade, o estado de alerta e a jovialidade – e escolher quais imagens achavam demonstrar ser o paciente após o tratamento de apnéia do sono.

Os resultados mostram melhora

Em cerca de dois terços das ocasiões, os avaliadores afirmaram que os pacientes das fotos “pós-tratamento” pareciam mais alertas, mais jovens e mais atraentes. Os avaliadores também identificaram corretamente a foto pós-tratamento em dois terços das ocasiões.

Enquanto isso, as medidas objetivas da aparência facial mostraram que as testas dos pacientes estavam menos inchadas e seus rostos estavam menos vermelhos, após o tratamento de CPAP. A redução da vermelhidão foi especialmente visível em 16 pacientes que são caucasianos e foi associada com a tendência dos avaliadores independentes em dizer que o paciente parecia mais alerta na foto pós-tratamento.

Os pesquisadores também perceberam, mas não tinham maneira de medir, uma redução nas rugas da testa, após o tratamento.

No entanto, observam os pesquisadores, eles não viram uma grande mudança nas características faciais que a sabedoria popular associa com sonolência.

“Ficamos surpresos de que nossa abordagem não pôde documentar qualquer melhora, após o tratamento, na tendência em ter olheiras ou inchaço sob os olhos,” diz Chervin. “Pesquisas adicionais são necessárias, para avaliar as mudanças faciais em mais pacientes e após um longo período de tratamento CPAP.”

Ele observa que este estudo inicial não teria sido possível sem a generosidade dos doadores que apoiaram a pesquisa sobre o sono na U-M, como uma forma de honrar a memória de Jonathan Covault, um advogado promissor que morreu jovem, e cuja apnéia do sono não tratada pode ter contribuído para sua morte prematura. A família de Covault estava ciente sobre essa pesquisa e da sua importância, que pode incentivar outros a buscarem e permanecerem com o tratamento de apnéia do sono.

Chervin e seus colaboradores esperam continuar a estudar o efeito do tratamento de apnéia do sono sobre muitos aspectos da vida de uma pessoa, incluindo mais e novas investigação sobre a aparência.

“Nós queremos dormir para estar na mente das pessoas e para educá-los sobre a importância de dormir o suficiente e de receber atenção para os distúrbios do sono,” ele diz.