A obesidade é irreversível? A oportunidade é tudo quando se trata de perder peso, segundo demonstra uma pesquisa da U-M com camundongos

outubro 24, 2012
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Quanto mais tempo os camundongos superalimentados permaneciam obesos, menor era a probabilidade de a correção de sua dieta e atividade terem êxito na normalização do peso no longo prazo.

ANN ARBOR, Michigan—Uma pesquisa conjunta entre a Universidade de Michigan e o Conselho de Ciência e Tecnologia da Argentina (CONICET) projetou luz sobre um dos mistérios mais frustrantes da perda de peso: por que o peso inevitavelmente volta?

Um novo modelo de animal mostrou que quanto mais tempo os camundongos permaneciam obesos, mais “irreversível” se tornava a obesidade, de acordo com o novo estudo divulgado on-line antes da sua publicação impressa no Journal of Clinical Investigation em 24 de outubro.

Com o correr do tempo o estado estático de obesidade dos camundongos redefinia o ponto “normal” de fixação do peso corporal para tornar-se permanentemente elevado, apesar da dieta que no início fazia perder peso, afirmam os autores.

“Nosso modelo demonstra que a obesidade é, em parte, um distúrbio autoperpetuante e os resultados enfatizam ainda mais a importância de uma intervenção logo na infância para tentar evitar a condição cujos efeitos podem durar a vida inteira,” diz Malcolm J. Low, M.D., Ph.D., principal autor do trabalho e Professor de Fisiologia Integrativa e Molecular e Medicina Interna.

“Nosso novo modelo animal será útil para identificar as razões pelas quais é extraordinariamente difícil para a maioria dos adultos manter uma perda de peso significativa apenas com dieta e exercício.”

A autora principal do estudo foi Viviana F. Bumaschny, M.D., pesquisadora assistente do CONICET.

A obesidade afeta mais de 500 milhões de adultos e 43 milhões de crianças menores de 5 anos, ao passo que doenças correlatas são a principal causa evitável de morte.

Indivíduos obesos correm um risco muito maior de apresentarem diabetes do tipo 2, hipertensão e doenças cardiovasculares.

Um dos pontos mais fortes desta pesquisa foi um novo modelo de camundongos programados para obesidade que permitiu que o êxito da perda de peso fosse acompanhado em diferentes estágios e idades acionando um mecanismo de regulação genética que controla a fome.

O acionamento do mecanismo logo após o desmame impedia os camundongos de comerem demasiado e permitia que jamais ficassem obesos. Da mesma forma, os camundongos que permaneciam com um peso saudável quando jovens adultos mediante apenas dieta estrita conseguiam manter o peso normal sem fazer dieta depois de acionado o mecanismo de regulação genética. No entanto, camundongos cronicamente superalimentados nos primeiros sinais de obesidade nunca retornavam completamente ao peso normal depois de acionado o mecanismo, apesar da acentuada redução no insumo de alimentos e aumento da atividade.

As novas constatações podem levantar questões sobre a taxa de sucesso no longo prazo de uma severa restrição calórica e exercício árduo para perder peso mais tarde na vida, tais como os regimes extremos vistos no conhecido “reality show” de televisão “O Maior Perdedor”.

“Permitindo-se que a obesidade persista, em algum momento o corpo parece acionar um mecanismo de regulação genética que o reprograma para um peso mais elevado”, afirma Low. “Os mecanismos exatos que causam essa mudança ainda são desconhecidos e exigem estudo mais profundo que nos ajude a compreender melhor por que ganhar peso novamente parece quase inevitável.”

As conclusões serão publicadas juntamente com o comentário respectivo Tipping the scales early: probing the long-term effects of obesity (Modificando a balança no início: pesquisando os efeitos de longo prazo da obesidade).

Outros autores: Marcelo Rubinstein, Ph.D., pesquisador principal do CONICET; Miho Yamashita, M.D., Ph.D., pesquisador de pós-doutorado, Universidade de Michigan; Rodrigo Casas-Cordero, B.S., estudante de pós-graduação, Universidade de Buenos Aires; Verónica Otero-Corchón, Ph.D., principal especialista de pesquisas laboratoriais, Universidade de Michigan; e Flavio S.J. de Souza, Ph.D., pesquisador assistente do CONICET.

Financiamento: The National Institutes of Health, EUA; the Howard Hughes Medical Institute International Program for Latin America and Canada; Agência Nacional Argentina para o Desenvolvimento Científico e Tecnológico; e Conselho de Ciência e Tecnologia da Argentina.

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