Coleções Especiais da Universidade de Michigan (U-M) acrescenta materiais ao extenso arquivo de Orson Welles

agosto 13, 2012
Contact:
  • umichnews@umich.edu

ANN ARBOR—A coleção internacional mais extensa de arquivos sobre o cineasta, ator, diretor e escritor Orson Welles está agora disponibilizada ao público e pesquisadores na Biblioteca de Coleções Especiais da Universidade de Michigan.

Welles, que morreu aos 70 anos em 1985, é lembrado principalmente por seu trabalho inovador no rádio, teatro e cinema. Sua transmissão da “Guerra dos Mundos”, de H.G. Wells, no rádio em 1938, e seu filme de 1941 Cidadão Kane, do qual foi coautor, produtor, diretor e ator principal, estão entre os trabalhos mais criativos do século XX.

A Biblioteca de Coleções Especiais da U-M acrescentou recentemente mais duas coleções aos seus já substanciais arquivos de Orson Welles. O material adicional inclui informações sobre diferentes períodos da carreira de Welles, desde sua juventude até o fim de sua vida, aumentando as coleções anteriores com trabalho detalhado de seus projetos inacabados, incluindo É Tudo Verdade, um filme documentário-fictício sobre o México e o Brasil, no qual ele trabalhou no início da década de 1940.

Meticulosamente catalogada e mantida em caixas protetoras, a coleção tem um total de quase 100 pés (30,5 metros) lineares, incluindo milhares de documentos, cartas, telegramas, roteiros, demonstrativos financeiros e de produção, fotografias e materiais audiovisuais.

“As diferentes versões dos roteiros com notas escritas à mão e esboços nas margens mostram as diferentes etapas do seu processo criativo”, afirmou Peggy Daub, curadora e bibliotecária responsável por divulgação da Biblioteca de Coleções Especiais da U-M.

Entre os novos itens de interesse pessoal doados por Chris Welles Feder, filha mais velha de Welles, estão fotografias privadas de Welles na infância e cartas à sua primeira esposa, Virginia Nicolson, que coincidiram com o início da sua carreira, bem como materiais relacionados ao filme Macbeth (1949), no qual Chris Welles Feder atuou.

Outros acréscimos vitais à coleção de Welles vieram de Alessandro Tasca di Cutò, produtor e amigo de longa data do cineasta, comprados em um leilão em Londres, na Inglaterra. Os artefatos incluem materiais relacionados a dois filmes especialmente importantes para Welles, As Badaladas da Meia-Noite (1965, também conhecido como Falstaff), e Don Quixote (1955-73, inacabado), filmado no México, Itália e Espanha. Em muitas cartas, notas e memorandos, o material adquirido de Tasca mostra as preocupações do dia-a-dia de Welles como cineasta.

Essas coleções suplementam duas outras coleções de Welles: a “Coleção Orson Welles–Oja Kodar” e a “Coleção Richard Wilson–Orson Welles”, ambas adquiridas em 2004-2005 e há vários anos disponibilizadas a pesquisadores.

De interesse especial para pesquisadores são os documentos arquivados da missão cinematográfica de Welles ao Brasil e ao México, onde sua intenção inicial era representar histórias verdadeiras da vida cultural e da sociedade durante a Segunda Guerra Mundial como parte de um filme de propaganda dos Estados Unidos chamado “Bom vizinho”. Em vez disso, Welles foi além da reprodução de clichês da cultura popular e das simples percepções do Carnaval do Rio de Janeiro. Mostrou um olhar incisivo e revelador da sociedade brasileira, incluindo a jornada histórica de jangadeiros do nordeste até o Rio, o que foi rejeitado pela direção do estúdio RKO e pelo Departamento de Imprensa e Propaganda do governo brasileiro. O projeto foi parcialmente reconstruído em um documentário co-dirigido por Richard Wilson, Myron Meisel e Bill Krohn, e produzido e lançado pelos estúdios Les Films Balenciaga e Paramount em 1993. Também incluídos nos arquivos estão fotografias, roteiros e outros documentos de grandes filmes de Welles produzidos em Hollywood, México, África do Norte e Europa desde o final da década de 1940 até o início dos anos 70, bem como roteiros de obras em andamento e materiais pertencentes às suas produções na companhia de teatro Mercury nos Estados Unidos e na Europa.

Catherine Benamou, ex-professora de cinema e culturas e diretora de estudos latinos na U-M, atualmente professora associada na Universidade da Califórnia-Irvine, impulsionou a aquisição das primeiras coleções especiais de Welles através de conexões com a família e com colaboradores diretos do cineasta. Benamou é autora de É tudo verdade: A Odisseia Panamericana de Orson Welles, um livro sobre a filmagem, a recuperação e o legado do filme inacabado É Tudo Verdade.

A Biblioteca de Coleções Especiais da Universidade de Michigan possui coleções reconhecidas internacionalmente de livros, seriados, manuscritos antigos e modernos, pôsters, cartazes teatrais, fotografias e obras de arte originais. Abriga alguns dos tesouros com maior significância histórica na Universidade de Michigan e está aberta ao público – a estudantes, professores, pesquisadores visitantes e membros da comunidade. As coleções não circulam; o material é retirado mediante solicitação para uso na sala de leitura. Uma lista dos materiais das coleções de Orson Welles pode ser acessada aqui.